segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Psicanálise leiga e seus destinos entre a arte e a política


      


A discrição é incompatível com uma boa exposição de análise: é preciso não ter escrúpulos, expor-se, entregar-se, trair-se,
comportar-se como um artista que compra tintas com o dinheiro do sustento da casa e queima os móveis para aquecer seu modelo.
Sem qualquer dessas ações criminosas, nada se pode realizar corretamente”
(Sigmund Freud)

“O simbólico está inesgotavelmente disponível se existir um certo ‘eu’ para solicitá-lo”.
(Alain Didier-Weill).



PSICANÁLISE LEIGA E SEUS DESTINOS
Entre a arte e a política

14, 15 e 16 de abril de 2014
BOATE 701 DO CLUBE MONTE LÍBANO
AV. BORGES DE MEDEIROS, 701, LEBLON, RIO DE JANEIRO, RJ

                                     
Em tempos onde a globalização clama pela regulamentação de tudo e estende seus tentáculos por toda a parte, trazendo efeitos nefastos para o exercício da psicanálise, como se pode verificar na Itália, na Áustria, na Alemanha, dentre outros países, aqui no Brasil, temos que estar vigilantes. Todo o tempo corremos o risco de sermos capturados por propostas indecentes, que ganham a roupagem de Projetos de lei que têm por objetivo a pasteurização terapêutica visando a normatização do sujeito e a medicalização do social.

A questão da independência da psicanálise em relação aos outros saberes, e mais especificamente, em relação ao saber médico, denominada por Freud em 1926 como “psicanálise leiga”, para defender a prática da psicanálise por não-médicos, teve como mote a proibição em 1925,  pelo Conselho Municipal de Viena, sofrida por Theodor Reik, membro não-médico da Sociedade Psicanalítica de Viena, de praticar a psicanálise. Tal processo, embora tenha sido anulado, levantou uma discussão que não cansa de se reinscrever, revelando a tentativa de diversos campos, não apenas o médico, mas também o religioso e o psicológico, de subsumirem a psicanálise a seus domínios.

O fato da prática psicanalítica não estar sustentada por um conselho profissional que a regulamente com códigos e normas de conduta não se dá por arrogância. Trata-se da impossibilidade de se aferir objetivamente o condicionante principal da formação de um psicanalista, que é seu próprio tratamento psicanalítico, cuja efetividade não se resume a frequentar o consultório de um analista por um tempo, mas implica a dimensão experiencial do surgimento de variáveis imponderáveis do desejo que comprometem um sujeito com a escolha desse ofício.

A complexidade dessa questão, além da exigência de estudos teóricos e supervisão de seu trabalho clínico por um analista mais experiente, revela que não há protocolo geral que possa suprir as exigências de sustentação dos singulares princípios éticos que norteiam a prática da psicanálise.  Pois nela somos convocados todo o tempo a não suturar o hiato existente entre o plano ideal e a inevitável “queda na real” e a nos sustentarmos, paradoxalmente, na falta de garantias e naquilo que podemos fazer com isso.

Vale lembrar que a sustentação desses princípios, pautados pela singularidade da ética da psicanálise exilada do alento da visada idealizante do Bem Supremo, não exime o psicanalista do compromisso com seu tempo, e com os discursos, produções e ideais que lhe são inerentes. Muito pelo contrário, o caráter crítico da psicanálise, que condiciona sua própria pestilência e no qual é gestado todo seu poder de transformação, a compromete a estabelecer conexões com quase todos os campos do saber, fecundando e sendo fecundada por eles.

Se não há pré-requisitos de formação médica, psicológica, ou algo do gênero para a formação de um psicanalista, isso não significa que não haja pré-condições para o seu exercício – a mais importante das quais, destacada por Freud, é o compromisso com a investigação, com o desejo incansável de saber, que nesse campo coincide com a própria potência terapêutica da psicanálise, exigindo uma constante conexão com outras áreas do saber.

No IV Colóquio Internacional do Corpo Freudiano, destacaremos a conexão da psicanálise com a arte e a política, na medida em que, coincidentemente, esses campos são pautados por um saber que se rege pelo ato e não pela academia.  Leigos, cada um, a seu modo, são convocados a um ato criador, que não lhes vem nem pela casta, nem pelo conhecimento universitário ou muito menos por alguma Escola Superior.

Psicanalistas, artistas e políticos, por um processo de passagem, peculiar a cada um deles, e que necessariamente os implica subjetivamente, assumem ofícios que não dependem do reconhecimento oficial ou institucional. São, portanto leigos, necessariamente. Entretanto, por isso mesmo, tais ofícios demandam a ousadia da criação, o endereçamento a um saber que escapa ao conhecimento porque se encontra no real. Como tem sido sustentado o rigor dessa empreitada de, na criação, sair da mesmice e acolher a Alteridade – ou como se tem declinado dela –, é uma das questões que contemplaremos em nosso IV Colóquio. Convidamos a todos a se engajarem nessa nossa manifestação, munidos com os recursos pertinentes a suas áreas.

Para abrilhantar ainda mais esse nosso encontro, contaremos com a participação de psicanalistas, políticos e artistas reconhecidos nacional e internacionalmente, dos quais destacamos particularmente a presença sempre instigante e enriquecedora de Alain Didier-Weill, Jacques Barbier, Jean-Michel VivèsNora Markmann e Paolo Lollo, da França, e Paola Mieli,dos Estados Unidos. O programa completo será divulgado em breve.

Esperamos poder compartilhar pesquisas, ideias, experiências, contatos e momentos de fruição artística. Esperamos por você.

Comissão organizadora: Denise Maurano, Heloneida Neri, Marco Antonio Coutinho Jorge, Maria Ormy Moraes Madeira, Patrick Werner dos Anjos.



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Associados e Estudantes de Graduação
Até 30 de janeiro | R$ 250,00
Até 10 de março | R$ 300,00
A partir de 11 de março | R$ 350,00

Profissionais
Até 30 de janeiro | R$ 350,00
Até 10 de março | R$ 400,00
A partir de 11 de março | R$ 450,00

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