domingo, 25 de outubro de 2009

Eu não sabia

O discurso político do 'não saber' é uma afronta e um cinismo bem ao modo de nossos dias sem ética. A curiosidade pelo saber sempre foi um tema fascinante para o ser humano. Em geral, as pessoas se orgulhavam em seus mergulhos pelo saber. Freud nos diz da curiosidade sexual infantil em que as crianças partem para conhecerem-se e conhecerem ao outro: seus corpos, suas ideias, suas fantasias imaginárias e seu pensamento.
Hoje, o que assistimos bestificados, é um retorno às trevas. Há em curso um medievalismo do conhecimento e combate as bruxas do saber no qual impera o excesso de informação contra a formação. E este não saber é o mote que assusta com a pergunta: que futuro deixaremos para nossos filhos? Que resto de esperança? Em que eles poderão acreditar? Há ainda alguma ideologia do pensamento, ou só há uma lógica do mercado, do mercado capitalista? A ideologia econômica que faz o mundo raso de questões bem ao gosto fast food do mercado. Tudo ligeiro, tudo rápido sem questionamentos.
O nosso presidente Lula ainda propõe que o jornalismo não investigue, que se crie departamentos que não sejam investigados, que o IBAMA não mais proteja, não estrague e atrase 'seus projetos do PAC com Dilma Roussef. Este PACto tem deixado de cabelos em pé os mais otimistas sobre o futuro de nossas vidas. São, novamente e sempre, inaugurações de pontes que vão do nada ao lugar nenhum, obras que estão apenas em seus canteiros, outras que nem saíram do papel. Além disso, os sindicatos viraram cabides de emprego e recebimento de milhões de reais como denuncia a revista Veja desta semana. São entidades que também por lei não podem ser fiscalizadas.
Assim, saímos do horror controlodar e fiscalizaDOR da ditadura, para uma democracia (sic) onde é 'proibido proibir', como alertava Caetano, mas ele dizia justamente contra a ditadura. Este revés se dá pela autocracia reinante em nosso país onde o poder judiciário está enfaixado, senão mumificado. As leis são feitas perversamente para serem transgredidas desde que você tenha dinheiro suficiente para atravancar por uma medida jurídica ou outra o desenrolar do processo que te incriminaria.
O que você pode fazer? O que nós devemos fazer? O que é possível esperar? O que ainda queremos SABER?